Olá, eu pensei muito antes de escrever, porém resolvi criar coragem e encarar esse desafio porque tenho muita dificuldade na escrita. No ano passado, 2020, eu fiz o curso ” Entender o mundo hoje : pandemia e periferia” ; eu perdi um filho em 2019 para o suicídio; estava muito mal, queria sair da casa que moro porque eu encontrei meu filho morto na lavanderia, o ambiente ficou pesado e não deu tempo de eu sair da casa, logo veio a pandemia e eu fui obrigada a ficar na casa , me sentia aprisionada, no beco sem saída , foi quando eu vi o curso da rede emancipa, resolvi me inscrever e naquele momento o curso foi um divisor de águas porque me envolvi no curso, fui achando sentido na minha vida, um fio de esperança, as aulas foram incríveis, com ótimos professores e mediadores, saí da tristeza voltei a estudar e achar sentido onde não tinha mais. No entanto procurei o cursinho da rede emancipa e me ofereci para ser voluntária como apoio. Eu já fui aluna do cursinho há um tempo atrás, agora finalizando o segundo curso me sinto bem, muito feliz, talvez mais preparada pra vida . A ausência do meu filho é grande, mas eu estou aprendendo a lidar com as perdas, respeitando o momento de cada um, por isso eu posso dizer que vocês me ajudaram muito! GRATIDÃO.

M. C. O.

Junho de 2021

São Paulo (SP)

RESPOSTA >

Olá! Espero que você esteja bem e segura. Ao ler a sua carta eu fiquei pensando muito em como respondê-la, afinal, eu não sou mãe, então, como eu poderia entender o que você passou e ainda está passando, mas eu sou filha e uma filha que nessa pandemia se viu enfrentando a sua terceira crise depressiva.
Portanto, eu decidi colocar um pouco do que é estar do outro lado, talvez, assim, você possa encontrar um pouco mais de paz ou sentindo frente ao que teve que enfrentar – ou talvez seja muita pretensão minha e já peço desculpas.
Infelizmente, a dor e a angústia quando pensamos em tirar nossa vida é tão grande que enxergamos somente ela. E ninguém consegue ajudar ou amenizar, está dentro da gente e só nós conseguimos lidar. Eu vejo como eu afeto todos aqui em casa, principalmente, minha mãe que tenta me ajudar de todas as formas e eu sei que para ela a frustração de não poder me ajudar é o que mais dói, também dói vê-la assim, mas eu preciso do meu tempo. A dor é grande que tem dias que é só ela que eu vejo e consigo lidar, então, eu me fecho no meu mundo. Não é culpa de ninguém. Ninguém veio com um manual sobre como lidar com isso, cada um está da sua maneira tentando lutar contra isso.
Eu não sei se foi isso que vocês passaram, mas eu tenho certeza que independente de tudo o amor dele por você foi grande e ainda é onde quer que ele esteja. Eu acredito que a vida não finda quando a gente morre, então, eu posso imaginar como você está encontrando motivos para continuar seguindo em frente seja tamanho conforto e motivo de paz para ele. Ele só conseguia ver a dor dele naquela hora e talvez seja por isso que tomou a decisão, mas não quer dizer que ele não tenha pensando em você ou como isso poderia ser extremamente doloroso para você.
Espero que não desista de encontrar sentido para você e agradeço muito por compartilhar comigo sua história. Me ajudou muito a conseguir enxergar minha mãe. Espero que eu consiga também ajudá-la. Mas, caso não tenha conseguido, peço as mais sinceras desculpas. Continuarei rezando e torcendo para que a cada dia você consiga encontrar motivos para sorrir, para continuar lutando e para encontrar momentos de paz.
Obrigada Emancipa por possibilitar esse encontro!

Fico na sua torcida e desejando sua proteção.

L. A. R.

30 de Julho de 2021